* * *
VERSOS DE MAR
As marolas,
marés perdidas
e sem força,
tocam teus pés descalços.
Descanso na areia,
nos rastros
de nossos passos.
Há restos de lua
na areia morna
e cores da aurora
no horizonte.
Soluços ontem
hoje, ao sol,
perdem a força.
É abraço, encontro,
enlace.
E o resto é mar,
versos de mar,
amor vibrante.
E nada mais há
que a vista alcance.
E nada mais há
que não é preciso.
Maria Ivone L. Fernandes
Em cada encontro
reencontro
teus cantos e encantos.
Tem forma a forma
com que olhas e ris
e ris e olhas.
Andas caminhando pés
que mal deslizam.
Caminho com teu andar.
Dou voltas com teu sorriso.
Me incandesço com teus trejeitos.
Abraçam-me teus abraços
e com inflamados beijos
me sugas e braseias.
Definitivamente estás em mim
acasalado e de mim não sairás
vez que encandeio minhas portas.
Vou levar-te para a minha casa.
Lá cantarei por todos os cantos,
Toda espera é longa. Mas sei que ele volta, ele sempre volta. Talvez um dia eu já não o espere mais, mesmo assim mesmo ele virá.Toda a natureza está a me dizer que é chegada a hora. Tal como um deus, ao descrever a elíptica, atravessa o mais longo círculo da terra e, discípulo do deus Sol, montado no tempo, ele vai chegar. Trará como oferta uma braçada de luzes. Será manso e terno me lambendo a pele, revolvendo meus cabelos, iluminando a vida. Eu o acolherei. Enamorados viveremos juntos um delicioso pedaço de ano até o dia da partida. Então será época das sombras e das chuvas. Não me abrigarei na névoa da melancolia, estarei esperando até o próximo regresso e, envolvida pelo calor da presença, enfrentarei a frieza da geada, que já começa a branquear os caminhos do inverno.
O amor permeia coisas imperceptíveis. Passo tua roupa com o necessário desvelo e reverencia. Tornam-se, essas vestes, capazes de agasalhar teu corpo,teus sonhos, teus medos, teu cansaço e tuas alegrias. O puro pano se transforma para amaciar a pele, absorver o suor e enxugar as lágrimas. Um sudário pronto para tornar-se repositório dos teus segredos.
Mirta - janeiro de 2006-03-21
Fim de festa
Onde andarei, onde andarás
no dia do fim do mundo?
Marquemos um encontro pra esse dia
Vamos ler os poemas futuristas
inventariar alegrias
ouvir estrelas
virar cambalhotas
Tudo o mais
adeus
pertence ao diabo.
Elisabeth Brito
Não sei o que sou
cá estou a perguntar
Mutante destruo idéias
após me interessar
Padeço emoções voláteis
sérias, rotineiras,
populares, estáveis
ora me dedico aos clássicos
ou medíocres menestréis
não causei espanto,
nem recebi lauréis
não cometi atentados
ou recebi troféus
Praza-me os céus
o relato que fiz
Em que pesem os queixumes
eu só sei que sou feliz
Alice Lopes da Silva
* * *
a história
que não contei
da menina ambiciosa
olhos muito abertos
sonhando fugir do contexto
ser passionária
ativa guerrilheira
artista
poeta
santa ou mereteriz
o dia a dia lhe envolveu
e nada disto aconteceu
por um triz
Zilda Gay de Castro
* * *
Meu corpo é prisão onde emoções se suicidam
gritos esfarelam-se na garganta
a noite é precipício onde as palavras
despencam ensangüentadas
o sangue encarcerado nas artérias
não mancha,
grafita,
aquarela,
não sinto e não vejo o rio de sangue pingando
no breu do corpo
tentando uma fresta
fenda
foz
gesto
que levante a máscara
onde se esconde um rosto fremente
Wanita
3 comentários:
ah, que legal!
tá legal mesmo
gostei
se quiserem podem me visitar no
www.filhosdeorfeu.zip.net
Meninas!!!
Esta otimo o blog de voces, parabens,
uma duvida acho que vces sao as poetas que produzem um calendario tambem nao sao!! pois eh, acho que temos uma amiga em comum, a CARMEM, que eh amiga da minha mae,
parabens, bjim
Jackeline Brum B Gay
Postar um comentário