sábado, 29 de novembro de 2008

duas prosas da Maria Ivone



BOMBANDO


Enovelaram-se no primeiro olhar. Bombava o rock, rugia a galera endoidecida na balada. Quando ergueram os braços para o embalo da música, se enrolaram. Quiseram estar assim. Explodiu o desejo, se agarraram. Amassos, beijos, e o rock rolando. Até o fim da balada estiveram grudados. Saíram, ficaram.

Na balada seguinte nem se viram. Cada um ficou na sua. Do novelo desnovelado não resta nem um fio.

Maria Ivone

NA DITADURA

Insultada saltou feito mola. No salto, a cusparada emporcalhou a cara do soldado.
Feito o estrago, foi dali para o DOPS, para prisões imundas, na sórdida justiça sem advogados nem outras regalias.

Ontem deu à luz a Marina cheia de graça, perfeita, esperta, risonha. Hoje volto do seu enterro. Daqui pra frente Marina só terá pai.

Maria Ivone

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