sábado, 27 de dezembro de 2008

alice farias lopes e seus filosofemas



arte: rosa marques (www.verbavisual.blogspot.com )
Um poema no apagar de 2008

Estranha solidariedade
a indiferença
da vil realidade
da prática humana
que vê no próximo infeliz
uma obra que Deus emana
castigo dos céus

Sem contar que somos nós
cegos por interesse
autores de quem padece
Donos da ganância
multiplicada exuberância
das benesses
que a natureza nos dá
Colhendo sem dividir
a partilha divina
(Alice F. Lopes)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

dois belos poemas de arlita azambuja

Registro

Teu corpo
em especial
tua bunda
tão rija
escultural
inquieta

inconscientemente anda
de lá pra cá
de cá pra lá

Na prazerosa andança
meus olhos a seguem
e em ziguezague dançam

Descompasso

Ando em descompasso.
Sobre mim resvalam aconteceres
que desconcertam e me engrampam.
A voz do contentamento silenciou.
De forma crescente sirvo de isca, chamariz,
sou o próprio engodo e pateteio.
Serei um palerma?
Minha voz interna murmura
o que não quero ouvir.
No meu esforço o que sou?
Serei de corpo e alma
um esquálido pigmeu?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

alguns haikais não ortodoxos da elisabete

Eloquente silêncio
Pensamento em transe
Jogue os dados.
*

Pensamento te pertence
Larápios às soltas
Muros.
*

Pitanga doçura
sabor delícia
Infância.
*
Deixou a moça não
lhe deu mais nada
Nem água de cheiro.