segunda-feira, 30 de março de 2009

uma crônica da alice

COMILANÇA

O ato de comer, na vida normal, acontece todos os dias. Não tem outro jeito. Não estou falando aqui daquelas pessoas que não comem diariamente e que a sociedade não dá a menor pelota. Falo de quem come três refeições diárias. É comer simplesmente as refeições que pomos a mesa, normalmente, para que possamos alimentar o cadáver que ainda respira.
Tudo acima foi para começar o assunto: a comilança do Natal. Não sei se Jesus comia tudo isso no seu aniversário, mas creio que não. Ele pregava a igualdade, a humildade e se houvesse abastança era para ser distribuído. Ele começou com o tema, todo o mundo abusa e fala nisso para posar de gente fina, boazinha sem distribuir uma merreca sequer. Ai´sai na crônica social. Há várias incursões pela mídia. Apresentam pratos da cozinha natalina, iguais ou diferentes, conforme o país. È um mês de correria pelo mercado moderno para comprar os ingredientes e os presentes. Mas nem todos ficam contentes com os últimos.

Na noite de Natal, os que comem, todos se apresentam sorridentes como se fossem generosos, dão presentes úteis e inúteis e os que comem, exibem os quitutes próprios das regiões. Cada um come ou deglute o que consegue enfiar goela abaixo. Se tem maxilar forte exagera na dose. Bebe-se adoidado. É um festival de mastigação e beberagem estupefacientes, sem nem se lembrar do significado da data. As gentes não estão nem aí para o aniversariante.

A controvérsia é a constante. Ai entra a velha discussão sobre o poder. Quanto maior exibição de riqueza melhor, contrariando as premissas cristãs mostram a todo custo o que podem mostrar. Ter é poder, já disse não sei quem. E Jesus Cristo calado. Devia aparecer de repente, para dar um susto e perguntar ‘o que que é isto misifiu?

Logo, o espírito de Natal é somado por mais moedas do que Judas pudesse imaginar, e, Jesus Cristo se dilui no espaço.

Alice 26.12.2008

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