segunda-feira, 26 de setembro de 2011

dois poemas de Maria Ivone L. Fernandes



A FLOR PERMANENTE



Ouve em silencio

meu canto e meu suspiro.

Recobre de doces sons

tua língua

para chamar-me

e canta

como quem clama amor

na tarde quente.

Dá-me teu todo,

selva e pedra

luar e sombra,

e seremos dois

a desvendar segredos

e mil auroras descobrir.

Não me queiras

dor e pranto

em horizonte cinza.

Seremos sóis e luas clareados

no vibrar intenso

desse amor.

Dá-me uma flor

que permaneça

e eu me enfeitarei dela

na longa espera.

Enamorada, acreditarei

que és meu deus

e eu tua amada.

(Primavera/ 2010)




CANTARES DE SALOMÃO

“11.Porque eis que passou o inverno: a chuva cessou e se foi.

13.A figueira brotou os seus figuinhos, e as vides em flor dão o seu cheiro; levanta-te amada minha, formosa minha e vem.”-CANTARES DE

SALOMÃO.



Quando encontrares o amor

ames com o ardor de todo o teu ser.

Mostra-te amando e amada tanto,

que teu peito soe aos ouvidos alheios

como tambor em retumbância.

Que os olhos atentos ao teu amado

não espreitem à distância,

mas o façam partilhar de tua cálida admiração.

Se és presa de todos os anseios

não os guardes em silenciosa oferenda.

De que serve a ti, e ao teu amado,

ânsia assim tão disfarçada e contida?

Só é cego quem não vê,

e mudo quem não pronuncia.

Ouve o ardor do teu peito em brasa

e revela o que ele anuncia.

E que teu canto, quase um grito,

soe como trombeta em regozijo.

Louva, em altos brados,

o que te apetece e te faz vibrante.

E não sejas contida e reservada,

mas antes, retumbe teu ser em plena alegria.

E cuides de mostrar aos outros

a suprema graça do sentir.


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